Etimologia de Itajubá

O topônimo Itajubá tem sua origem na língua tupi e está diretamente relacionado a uma característica geográfica proeminente na região da sua primitiva localização.

O Significado Correto: Cascata ou CachoeiraEditar

A forma original e correta do nome era Itagybá (grafado com "GY"). Este nome indígena significa "água que, do alto, cai sobre a pedra", ou seja, cascata ou cachoeira.

Segundo o tupinólogo Dr. Geraldino Campista, que estudou a etimologia da palavra Itajubá corretamente, e com base em outros autores como Correia de Faria e Daltro Santos, a palavra Itagybá pode ser decomposta da seguinte forma:

  • Ita: pedra. No início de palavras compostas e junto a outro substantivo, pode se traduzir como se estivesse no genitivo (das pedras).
  • Y (ou Gy, ou Ju por corruptela): água, rio.
  • Bá (ou Abae): forma do particípio presente do verbo "A", que significa cair de cima, do alto, com síncope do "A" na formação do vocábulo.

Assim, Ita-gy-bá (ou Ita-y-abae) significa "lugar de onde o rio das pedras cai de cima" ou, em resumo, "cachoeira do rio das pedras", ou simplesmente "cachoeira".

O nome Itagybá foi dado em alusão à cascata existente na área urbana da atual cidade de Delfim Moreira, que era a primitiva Itajubá. Essa cachoeira, formada pelo ribeiro do Tabuão, cai de uma altura considerável sobre as pedras.

A forma Itajubá surgiu por corruptela (alteração na pronúncia popular) de Itagybá, especialmente na fala dos numerosos portugueses que residiam na região. Documentos da primeira metade do século XVIII confirmam o uso da forma original Itagybá. Um registro de 1858, em um livro do arquivo da Prefeitura da atual Itajubá, referente ao antigo distrito de Soledade de Itajubá (hoje Delfim Moreira), corrobora o significado ao mencionar que o local "tem muitas caídas d'água, como bem assim indica o nome desta Freguesia".

O Equívoco Popular: Pedra AmarelaEditar

Uma versão incorreta e popularmente difundida associa o nome Itajubá ao significado de "pedra amarela". Este equívoco, lamentavelmente ensinado até em escolas, é desmentido por estudos etimológicos e pela própria história da região.

A confusão se deu, em parte, pela semelhança com a palavra itajuba (com a tônica no "U", ou seja, Itajúba), que é uma palavra paroxítona (tônica na penúltima sílaba) e que realmente pode significar "pedra amarela". No entanto, o topônimo da cidade é Itajubá, uma palavra oxítona (tônica na última sílaba). Segundo as regras da língua tupi, a tônica é fundamental para o significado, e Itajubá (tônica no A) jamais poderia significar pedra amarela.

Autores como Bernardo Saturnino da Veiga contribuíram para difundir este erro. Em seu *Almanaque Sul-Mineiro* de 1874, ele fantasiou que paulistas teriam descoberto, perto do rio Sapucaí, uma "Pedra Vermelha" (a Itapiranga ou Piranguçu, que significa pedra vermelha) que, vista de perto, era listrada de uma linda cor amarela, e por isso os indígenas a teriam chamado de Ita-jubá (pedra amarela). Esta versão é historicamente incorreta, pois o nome original do povoado fundado pelo Padre Lourenço não foi Itajubá, mas sim Boa Vista do Sapucaí. O nome Itajubá só veio para o novo povoado mais tarde, em contraposição ao antigo povoado serrano que passou a ser chamado de Itajubá Velho (atual Delfim Moreira). Além disso, a Pedra Vermelha (Piranguçu) não possui cor amarela.

Mesmo que "pedra amarela" fosse uma designação indígena para ouro, Itajubá (nem a primitiva Itagybá/Delfim Moreira) não se destacou pela extração de ouro a ponto de justificar tal nome.

O erro da "pedra amarela" tornou-se tão enraizado que um bairro rural de Itajubá chegou a receber o nome de Pedra Amarela devido a essa fantasia popular. O historiador Armelim Guimarães, autor de diversas obras sobre a história de Itajubá, admitiu ter cometido este equívoco em uma publicação anterior, corrigindo-o após estudar a monografia de Geraldino Campista.

Fontes HistóricasEditar

A etimologia correta de Itajubá é fundamentada em diversas fontes históricas:

  • Estudos linguísticos de tupinólogos como Geraldino Campista, Correia de Faria e Daltro Santos.
  • Documentos antigos, como cartas, alvarás, portarias e provisões da primeira metade do século XVIII.
  • Registros de livros históricos, como o livro "Registro de Terras" de 1858 do arquivo da Prefeitura de Itajubá e o 3º Livro de Tombo da Paróquia de Delfim Moreira.
  • Obras de historiadores locais que compilaram e analisaram esses documentos, como José Armelim Bernardo Guimarães, que em suas obras detalha e corrige equívocos anteriores.

Em suma, a etimologia de Itajubá remete à cascata ou cachoeira, característica marcante da paisagem onde se situava a primitiva Itajubá (atual Delfim Moreira), e não a uma suposta "pedra amarela" baseada em confusões linguísticas e históricas.