O Itajubá (jornal)
O "O Itajubá" foi um jornal de Itajubá, Minas Gerais. Destaca-se por ser o primeiro jornal da cidade.
História
Fundação e Primeira Fase
O jornalismo em Itajubá teve início com o "O Itajubá" em 12 de maio de 1872. Foi fundado e dirigido por Dr. Aureliano Moreira Magalhães, um advogado considerado iniciador do trabalho de imprensa em Itajubá. Para fundar o jornal, ele adquiriu uma tipografia antiga em Baependi, que pertencia a Jesuíno Pereira Baião. A tipografia foi transportada para Itajubá em carro de bois e montada em uma sala da residência de Manuel Félix de Alvarenga, na Rua Duque de Caxias (atualmente Rua Cel. Francisco Braz). Esta tipografia não apenas imprimiu o primeiro jornal, mas também ensinou o ofício aos tipógrafos pioneiros da cidade. O jornal teve uma duração considerada "brilhante" de cerca de 18 anos, com o evento de sua fundação sendo registrado por Xavier da Veiga em suas Efemérides Mineiras.
Períodos Posteriores e Reaparecimentos
Embora fundado em 1872 com uma duração inicial de cerca de 18 anos, o "O Itajubá" parece ter tido diferentes fases ou reaparecimentos ao longo do tempo. O jornal reapareceu na cidade em 1921. Houve um reaparecimento em 19 de maio de 1929, sob a direção de José Maria Afflalo e Jayme Wood. O jornal voltou a circular em 1945. Coleções existentes abrangem edições de 1872 a 1946, o que sugere uma continuidade, ainda que com possíveis interrupções ou mudanças de direção e propriedade ao longo deste período. Francisco Brás Neto também é mencionado como um dos seus proprietários e redatores em suas várias fases.
Orientação Política e Editorial
"O Itajubá" era reconhecido por ter uma orientação francamente liberal, em contraste com o segundo jornal da cidade, a "Gazeta Comercial", que era conservadora. O jornal demonstrava-se, sem temores, favorável à libertação abolicionista.
Eventos Notáveis Cobertos
O jornal desempenhou um papel importante no registro de eventos locais e nacionais. Em 20 de maio de 1888, dedicou sua primeira página inteira à Lei Áurea. Nesta edição, destacou a abolição com o brasão do Império, nomes de abolicionistas e instituições importantes na luta pela libertação, a declaração "ITAJUBÁ 1ª cidade de Minas Gerais, livre 11 de março de 1888", e reproduziu na íntegra o texto da Lei de 13 de maio.
Outras notícias e eventos cobertos pelo "O Itajubá" incluem:
- O necrológio de D. Cândida Silveira Schumann em 17 de dezembro de 1882, mencionando a comissão maçônica que acompanhou o funeral, incluindo o primeiro Juiz de Direito da Comarca de Itajubá, Dr. Adolfo Augusto Olinto.
- O falecimento do Barão e Visconde de Itajubá em 23 de fevereiro de 1884.
- Informações sobre a Companhia Industrial Sul Mineira e suas atividades.
- A inauguração das obras de reformas e da galeria de retratos no edifício do Fórum em 26 de dezembro de 1943.
Pessoas Associadas
Diversas pessoas estiveram ligadas ao jornal em diferentes períodos:
- Dr. Aureliano Moreira Magalhães: Fundador, Diretor, Editor
- Jesuíno Pereira Baião: Vendedor da tipografia original
- Manuel Félix de Alvarenga: Proprietário da residência que abrigou a tipografia inicial
- João Pinto de Sousa: Diretor em uma de suas fases, em 1927
- José Maria Afflalo: Diretor em um reaparecimento, em 1929
- Jayme Wood: Diretor em um reaparecimento, em 1929
- Francisco Brás Neto: Mencionado como um dos proprietários e redatores em suas várias fases
Acervo e Preservação
Uma coleção completa do "O Itajubá" faz parte do material doado por João Aldano. Este material está acessível no Acervo "João Aldano", pertencente à Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). As edições disponíveis no acervo datam de 1872 a 1946. O material doado por João Aldano (incluindo a hemeroteca) e o apartamento que sediava o arquivo (na Rua Dr. Pereira Cabral) foram doados a duas instituições que se comprometeram a organizar e zelar pelo acervo. Em 8 de novembro de 1927, a Câmara Municipal de Itajubá cogitou organizar uma hemeroteca pública, deliberando providenciar a encadernação do periódico "O Itajubá" em sua nova fase, então dirigido por João Pinto de Sousa. As coleções de "O Itajubá" são citadas como fontes para estudos históricos.