Nossa Senhora da Soledade de Itajubá

De História de Itajubá - Wiki
Ir para navegação Ir para pesquisar

O nome "Nossa Senhora da Soledade de Itajubá" refere-se a dois locais distintos com uma história compartilhada na região do Sul de Minas Gerais:

  1. A primitiva povoação fundada no início do século XVIII, localizada no alto da Serra da Mantiqueira, que hoje é a cidade e município de Delfim Moreira. Esta foi a sede original da freguesia.
  2. A Padroeira da atual cidade de Itajubá, cujo nome foi trazido para o novo povoado fundado às margens do Rio Sapucaí e deu nome à sua igreja matriz.

A dualidade do nome tem origem na transferência da sede da freguesia, ocorrida no início do século XIX.

A Primitiva Povoação e a Origem do Nome[editar]

A história de "Nossa Senhora da Soledade de Itajubá" (a primitiva) remonta ao início do século XVIII, com a descoberta de ouro na região por Miguel Garcia Velho, um bandeirante paulista de Taubaté. Ele descobriu as Minas de Nossa Senhora da Soledade de Itagybá, dando início a um povoado.

O garimpo na primitiva povoação foi efêmero, com minas pobres que logo se esgotaram. O arraial, em localização desfavorável, não prosperou.

Transferência da Sede Paroquial e a Nova Itajubá[editar]

Em fins de 1818, o Padre Lourenço da Costa Moreira foi nomeado pároco da Freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá (o antigo povoado). Padre Lourenço não gostou da localização da sede paroquial, considerando o lugar muito frio, de más condições topográficas, difícil acesso, e desfavorável ao progresso e à saúde. Ele o descreveu como um "andurrial" e uma "sepultura dos vivos".

Após cerca de dois meses, Padre Lourenço decidiu transferir a sede da freguesia para um local mais aprazível e promissor. Na noite de 17 de março de 1819, ele reuniu os fiéis e, na manhã seguinte, após a missa, a caravana partiu em direção ao Rio Sapucaí. No dia 19 de março de 1819, dia de São José, no alto do Morro Ibitira, Padre Lourenço celebrou a primeira missa em um altar e cruzeiro improvisados. Este local é onde se encontra a atual Matriz de Nossa Senhora da Soledade em Itajubá. Estava fundada a nova Itajubá, inicialmente denominada Povoado de Boa Vista ou Boa Vista do Sapucaí.

Houve uma intensa disputa ("Encontro") entre os moradores da velha e da nova povoação, que resistiam à mudança da sede paroquial. Os antigos paroquianos do Itajubá Velho opuseram-se tenazmente à transferência e chegaram a recorrer às autoridades civis e eclesiásticas. Houve confrontos físicos quando os de Boa Vista tentaram levar a imagem de Nossa Senhora da Soledade.

Inicialmente, Padre Lourenço pretendia que a nova Matriz fosse dedicada a São José, enquanto a velha capela em Soledade permaneceria com Nossa Senhora da Soledade. Contudo, devido à hostilidade recebida, ele mudou de ideia. Decidiu que a capela em Boa Vista seria a única sede paroquial e a dedicou a Nossa Senhora da Soledade, mandando esculpir uma imagem semelhante à da capela velha. A imagem original de São José foi levada para sua residência.

A Paróquia em Boa Vista foi oficialmente reconhecida e a sede transferida em 1832. O povoado em Boa Vista passou a ser chamado de "Capela Nova", enquanto o antigo em Soledade era a "Capela Velha". Mais tarde, o novo povoado foi denominado Itajubá Novo e o antigo, Itajubá Velho. O nome Itajubá foi oficialmente transferido para a nova vila.

A primitiva povoação, o Itajubá Velho, continuou a existir e prosperou, tornando-se a cidade de Delfim Moreira em 1938. A devoção a Nossa Senhora da Soledade permaneceu forte em ambas as cidades.

A Matriz de Nossa Senhora da Soledade na Atual Itajubá[editar]

A igreja principal da atual Itajubá é a Matriz de Nossa Senhora da Soledade. Ela foi construída e reconstruída várias vezes no mesmo local do altar original da primeira missa. A primeira capelinha, de pau-a-pique e sapé, foi construída logo após a fundação em 1819.

Ao longo do tempo, diferentes edifícios serviram como Matriz:

  • A primeira, de taipa, edificada por Padre Lourenço em 1832.
  • Uma que substituiu a primeira em 1862. Suas paredes estavam rachadas e o teto ameaçava desabar em 1863.
  • Uma cuja construção foi iniciada em 1873, paralisada por 10 anos por falta de verba, e consagrada em 1884. Durante sua construção, o culto era realizado na Capela de Nossa Senhora dos Remédios.
  • Uma no paroquiato do Cônego José Salomom em 1912, demolida em 1926.
  • A atual, cuja pedra fundamental foi lançada em 15 de agosto de 1926. Mesmo inacabada, foi benta e aberta ao culto em 26 de maio de 1927.

A Matriz de Nossa Senhora da Soledade possui uma torre, e um sino grande fundido em Campanha em 1857.

A Paróquia de Nossa Senhora da Soledade é a mais antiga de Itajubá, iniciada em 1819 com o Padre fundador. A devoção a Nossa Senhora da Soledade é uma tradição na cidade.

Legado[editar]

A história de "Nossa Senhora da Soledade de Itajubá" é fundamental para a compreensão das origens da atual cidade de Itajubá e de Delfim Moreira. O nome preserva a memória do primeiro povoamento na região e do papel central que a fé católica e a figura do Padre Lourenço desempenharam na fundação e desenvolvimento da nova localidade. A Matriz de Nossa Senhora da Soledade continua sendo um marco histórico e religioso na cidade de Itajubá. A cachoeira original ("Itagybá") que deu nome à região é inclusive representada no brasão da cidade.