Primeiros Habitantes
A história dos primeiros habitantes da região que hoje compreende o município de Itajubá, em Minas Gerais, envolve tanto povos indígenas originários quanto os primeiros colonizadores não-indígenas que chegaram à área, culminando na fundação do povoado que daria origem à cidade atual.
Povos Indígenas[editar]
A região onde se situam Itajubá e Cristina, no sul de Minas, cercada pela Serra da Mantiqueira, começou a ser mais intensamente explorada por não-indígenas a partir do século XVIII. Esta área, próxima à divisa com São Paulo, era rota para exploradores em busca de pedras preciosas e indígenas para escravização.
Escritores locais, especialmente os mais antigos, frequentemente mencionam os indígenas ao abordar a origem dos nomes de lugares, mas oferecem poucas informações sobre outros aspectos de sua presença na região. Versões populares iniciais, como as de Bernardo Saturnino da Veiga e Pedro Bernardo Guimarães, associavam a etimologia de "Itajubá" a "pedra amarela", baseando-se em supostas menções indígenas. No entanto, estudos posteriores, como os de Armelim Guimarães e Geraldino Campista, contestam essa interpretação, afirmando que a palavra **Itagybá** (forma primitiva de Itajubá, com tônica no "a") significa "água que, do alto, cai sobre a pedra", referindo-se a uma cascata na área urbana da atual cidade de Delfim Moreira.
De acordo com Armelim Guimarães, os indígenas que habitavam o território itajubense eram descendentes dos povos Puri e Coroado, formando o grupo Puri-Coroados. Eles são descritos como não belicosos ("mansos"), usando armas principalmente para caça ou defesa, vivendo nus e com poucos recursos. Diferentemente de seus ancestrais Puri, não dominavam a cerâmica ou a fabricação de redes, e dormiam no chão.
Há indícios de possíveis tribos indígenas anteriores aos Puri-Coroados na região, evidenciados por descobertas arqueológicas. Urnas funerárias de barro cozido ("igaçabas" ou "camotins") foram encontradas no Morro Grande, na Serra do Pouso Frio e perto da foz do rio Lourenço Velho, além de pedaços encontrados durante escavações no rio Sapucaí, na várzea do Pacatito. Como os Puri-Coroados supostamente jogavam seus mortos no rio e não usavam cerâmica, conclui-se que essas urnas foram feitas por tribos anteriores. Rústicos machados de pedra ("pedras-de-raio", segundo a crença popular local) feitos de sílex, gnaisse, diorito e calcita também foram encontrados.
A língua dos povos indígenas deixou sua marca em vários topônimos locais, como Itajubá, Jerivá, Juru, Anhumas, Sapucaí, Piranguçu, Capetinga, Ibitira e Mantiqueira.
Há registros de que famílias de descendentes de indígenas ainda viviam no bairro rural da Rosetinha (a cerca de cinco léguas da cidade) no final do século XIX. A presença indígena na região se mantém até os dias atuais; segundo o Censo de 2010, havia 41 indígenas em Itajubá.
O Povoamento Não-Indígena Inicial[editar]
A história da atual Itajubá está intrinsecamente ligada à da primitiva Itajubá, hoje município de Delfim Moreira. Fundada em 1703 pelo bandeirante paulista Miguel Garcia Velho, essa localidade serrana, originalmente chamada Nossa Senhora da Soledade de Itagybá, surgiu a partir da descoberta de minas na área. A exploração de ouro, no entanto, foi breve e pouco produtiva, levando os que ficaram a se dedicar à agricultura e pecuária.
O povoamento da área da atual Itajubá (então conhecida como Boa Vista do Sapucaí) começou mais tarde, entre o fim do século XVIII e o início do XIX. Antônio de Oliveira Lopes, apelidado "Fraca-Roupa" por Tiradentes, atuou como "piloto" (topógrafo) na região, mapeando as terras para a distribuição de sesmarias. Ele viveu pelos matos, misturado aos índios Puri-coroados, e é considerado um dos "construtores" da nova Itajubá. Residentes da antiga Soledade começaram a se mudar para a nova área nas primeiras décadas do século XIX.
Quilombo da Berta e a População Escravizada[editar]
Artigo principal: Quilombo de Berta
A presença de africanos na região de Itajubá remonta a antes da fundação da cidade, devido à existência do Quilombo da Berta. Berta, um bairro ao sul do município, é citada como um refúgio para escravos fugidos das senzalas do sul de Minas e norte de São Paulo. O arraial de Anhumas, próximo à Berta, existia desde 1810 e é acreditado ter sido iniciado por esses escravos fugidos.
A população escravizada em Itajubá era significativa no século XIX, com números variando ao longo dos anos. As fontes mencionam origens como Congo, Costa, Loanda, Guiné e Benguela (Angola).