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Miguel Garcia Velho foi um bandeirante paulista de Taubaté. Ele é uma figura histórica fundamental para a região do Sul de Minas Gerais, sendo reconhecido como o fundador da primitiva povoação de Itajubá, que hoje corresponde à cidade e município de Delfim Moreira.

Embora a atual cidade de Itajubá tenha sido fundada posteriormente pelo Padre Lourenço da Costa Moreira, sua história tem início na povoação original estabelecida por Miguel Garcia Velho.

Origens e Família[editar]

Miguel Garcia Velho era filho de Jorge Dias Velho e D. Sebastiana Unhatte. Era sobrinho de Capitão Manuel Garcia Velho e irmão de Antônio da Cunha Gago, Jorge Dias Velho, Padre Manuel Rodrigues Velho, Maria Velho (casada com Antônio Cabral da Silva) e Marta de Miranda (casada com João Barbosa). Casou-se com D. Leonor Portes del-Rei, filha de Antônio de Godói Pires e D. Francisca Vieira de Almeida. Ele pertencia a famílias proeminentes de Taubaté, como os Garcia Velhos e os Portes d'El-Rei. Segundo o historiador Geraldino Campista, Miguel Garcia Velho era descendente de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. O nome da família Velho está ligado a figuras históricas como Frei Gonçalo Velho, descobridor dos Açores, e Domingos Jorge Velho, associado ao quilombo dos Palmares. Um dos rios da região de Itajubá, o Rio Lourenço Velho, recebeu o nome de um dos membros da família Garcia Velho.

Desbravamento e Descoberta do Ouro[editar]

No final do século XVII e início do século XVIII, movido pelo "apetite de ouro e de pedrarias", Miguel Garcia Velho participou do movimento bandeirante que explorava a região do Sul de Minas. Ele é mencionado em bandeiras que partiram de Taubaté, um importante ponto de partida para as minas das Gerais.

Durante a corrida por pedras preciosas no início do século XVIII, Miguel Garcia Velho descobriu ouro na região. Ele seguiu rotas conhecidas a partir de Taubaté, transpondo a Serra da Mantiqueira, mas desviou-se do caminho tradicional na altura de Passa Quatro, entrando nos vales da Bocaina, Serra dos Marins e Planalto do Capivari, onde encontrou pequenas quantidades de ouro. Encontrou maiores indícios de ouro no Córrego Alegre e nas águas do Rio Tabuão.

A mina que mais o seduziu foi a do Itajibá, onde permaneceu por mais tempo. Ele também descobriu as minas do Caxambu no Sítio da Tabatinga, entre Córrego Alegre e a do Itagybá, nomeando-as "Caxambu" devido à semelhança de um morro local com um tambor africano. Miguel Garcia Velho descobriu outras minas de ouro junto com seu tio Capitão Manuel Garcia Velho, uma no Ribeirão do Carmo e outra em um afluente deste. O nome "Itajubá" (ou "Itagybá", sua forma primitiva) foi utilizado em documentos relacionados a minas já em 1723.

Fundação da Primitiva Itajubá (Soledade de Itagybá)[editar]

Foi na Mina do Itagybá, no alto da Serra da Mantiqueira, que Miguel Garcia Velho deu início a um povoado. Em 1703, ele fundou o povoado serrano de Nossa Senhora da Soledade de Itagybá, que era a primitiva Itajubá, hoje a cidade de Delfim Moreira.

Os indígenas que acompanhavam a bandeira de Garcia Velho deram o nome Itagybá à cascata existente junto a esse povoado. O termo vem da língua Tupi, e, segundo o tupinólogo Dr. Geraldino Campista, significa "água que, do alto, cai sobre a pedra", ou seja, cascata, cachoeira. A forma "Itajubá" (com JU e tônica no A) surgiu por alteração popular (corruptela) da forma original "Itagybá" (com GY e tônica no A). A confusão histórica com "Itajuba" (tônica no U, significando "pedra amarela") é rechaçada pelas fontes, sendo atribuída a autores como Bernardo Saturnino da Veiga. A etimologia correta relaciona o nome dado por Miguel Garcia Velho à cachoeira local em Delfim Moreira.

O Declínio da Povoação Original[editar]

O garimpo nas minas de Itagybá, descobertas por Miguel Garcia Velho, foi efêmero, pois as minas eram pobres. O trabalho não compensava a busca por riquezas. Os bandeirantes, incluindo Miguel Garcia Velho, retiraram-se. Aqueles que ficaram se dedicaram à agricultura e pecuária. No entanto, a primitiva povoação, localizada em um lugar desfavorável, com más condições topográficas e difícil acesso, não prosperou. Documentos de 1723 já indicavam uma percepção de decadência das minas de Itagybá.

Cerca de 116 anos após sua fundação por Miguel Garcia Velho, em 1819, a antiga sede paroquial de Soledade de Itajubá era descrita pelo Padre Lourenço da Costa Moreira como um lugar sem progresso, com poucas ruas tortuosas, ruínas antigas e falta de comércio, chegando a classificá-la como uma "sepultura dos vivos". Essa situação levou à decisão de Padre Lourenço de transferir a sede da freguesia para um novo local às margens do Rio Sapucaí, dando origem à atual cidade de Itajubá. A primitiva povoação, o Itajubá Velho, continuou a existir e mais tarde se tornou o município de Delfim Moreira. A devoção a Nossa Senhora da Soledade, patrona da freguesia original estabelecida por Garcia Velho, foi mantida na nova cidade.

Contestações Históricas[editar]

Embora Miguel Garcia Velho seja amplamente reconhecido como o fundador da primitiva Itajubá, o historiador Waldemar de Almeida Barbosa menciona uma informação alternativa, segundo a qual Antônio Caetano Pinto Coelho teria descoberto as minas de Itajubá em 1717. No entanto, o próprio Waldemar Barbosa ressalta que o pesquisador Geraldino Campista apresentou provas que demonstram a presença de Miguel Garcia Velho nas minas de Itagybá muitos anos antes, o que reforça a data de fundação em 1703.

Legado[editar]

O legado de Miguel Garcia Velho reside na fundação do primeiro núcleo de povoamento na região, a primitiva Itajubá (atual Delfim Moreira), e na origem do nome "Itajubá", derivado de "Itagybá", relacionado à cachoeira local. Sua história está ligada ao ciclo inicial de busca por ouro em Minas Gerais e ao início da ocupação da Serra da Mantiqueira na área fronteiriça com São Paulo. O fato de o povoado original ter estagnado levou, posteriormente, à fundação da nova Itajubá, mas o nome e a história da primeira povoação, estabelecida por Garcia Velho, permanecem intrinsecamente ligados às origens da cidade atual.