Geraldino Campista
Geraldino Campista foi um historiador e tupinólogo brasileiro, reconhecido por suas contribuições significativas para o estudo da história e da etimologia da região de Itajubá, no Sul de Minas Gerais. Descrito como um pesquisador "provecto e criterioso" e "paciente estudioso do nosso passado", sua obra é fundamental para a compreensão das origens da cidade.
Vida e FamíliaEditar
Geraldino Campista era advogado. Ele era irmão de Cel. Evaristo da Silva Campista, farmacêutico e político local, e de D. Amélia de Magalhães Campista. Era, portanto, tio de Ernestina.
Foi um dos fundadores da Biblioteca Machado de Assis em Itajubá, no ano de 1883.
É importante distingui-lo de outros indivíduos com nomes semelhantes presentes na história de Itajubá, como seu irmão Cel. Evaristo da Silva Campista, o Dr. Geraldino Furtado de Medeiros (advogado, jornalista e educador), e o Dr. Salústio Campista (Juiz de Direito).
Contribuição para a Etimologia de ItajubáEditar
Artigo principal: Etimologia de Itajubá
Geraldino Campista é a principal referência para a etimologia correta do topônimo Itajubá. Ele estudou corretamente a etimologia da palavra, concluindo que sua origem está na língua tupi e significa "cachoeira" ou "cascata".
Sua análise se baseou na forma original e grafia indígena da palavra, Itagybá (com "GY"). Segundo seus estudos e os de outros tupinólogos como Correia de Faria, a palavra pode ser decomposta em:
- Ita: pedra (em palavras compostas, pode significar "das pedras").
- Y (ou Gy, ou Ju por corruptela): água, rio.
- Bá (ou Abae): forma do particípio presente do verbo "A" (cair de cima, do alto).
Assim, Ita-gy-bá (ou Ita-y-abae) significa "lugar onde o rio das pedras cai de cima", ou seja, "cachoeira do rio das pedras", resumindo-se a "cachoeira" ou "cascata".
O nome Itagybá foi dado em referência à cascata existente na área urbana da atual cidade de Delfim Moreira, que era a primitiva localização do povoado conhecido como Nossa Senhora da Soledade de Itagybá. A forma Itajubá surgiu posteriormente por corruptela.
Campista refutou enfaticamente a versão popular e incorreta de que Itajubá significaria "pedra amarela". Ele demonstrou que essa confusão decorre da semelhança com a palavra itajuba (paroxítona, tônica no "u"), que pode significar "pedra amarela", mas que o topônimo da cidade, Itajubá (oxítona, tônica no "á"), não comporta esse significado, de acordo com as regras do tupi. O historiador Armelim Guimarães reconheceu ter cometido esse equívoco no passado, corrigindo-se após estudar a monografia de Geraldino Campista.
Pesquisa HistóricaEditar
Além da etimologia, Geraldino Campista dedicou-se ao estudo da história antiga da região de Itajubá. Sua pesquisa abrangeu o período de 1703 a 1832, focando no povoado original de Itagybá (atual Delfim Moreira).
Seu trabalho se baseou na análise de documentos históricos do século XVIII, como a "Justificação de Inácio Caetano Vieira de Carvalho", que ele transcreveu em sua monografia. Através dessa documentação, ele confirmou a presença e a atuação do bandeirante Miguel Garcia Velho na descoberta das minas de Itagybá e a fundação do povoado em 1703, refutando outras atribuições.
Campista também descreveu a geografia da bacia do Rio Sapucaí e seus afluentes, confirmando a fertilidade do solo na região. Ele detalhou a organização do povoado de Itagybá como um "julgado" até 1762. Além disso, abordou as famílias que descendiam dos primeiros descobridores da região.
Em seus escritos, Campista também comentou sobre a atitude do Padre Lourenço da Costa Moreira, fundador da nova Itajubá, em relação à antiga sede paroquial (Delfim Moreira), que ele chegou a qualificar como "cemitério dos vivos", observando que essa postura contribuiu para a formação da nova vila, embora Armelim Guimarães pareça discutir o impacto dessa atitude.
Obra PrincipalEditar
A obra mais citada de Geraldino Campista é sua monografia intitulada "Itajubá: (1703-1832)". Este trabalho foi publicado em 1914 pela Imprensa do Estado de Minas Gerais na "Revista do Instituto Histórico Mineiro", e também como separata pela Livraria J. Leite, no Rio de Janeiro. Nesta monografia, ele explora a história da antiga Nossa Senhora da Soledade de Itagybá (hoje Delfim Moreira) e a etimologia do seu nome.
LegadoEditar
Geraldino Campista é reconhecido como um pesquisador rigoroso cuja obra serviu de base para historiadores posteriores, como José Armelim Bernardo Guimarães. Sua pesquisa sobre a etimologia de Itajubá é considerada definitiva e desmistificou a crença popular da "pedra amarela".