Teatro Santa Cecília

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Teatro Santa Cecília e igreja Matriz ao fundo

O Teatro Santa Cecília foi um dos mais importantes edifícios culturais e de entretenimento de Itajubá, Minas Gerais, durante o final do século XIX e início do século XX. Além de seu papel central nas atividades teatrais e musicais da cidade, ele é reconhecido como o local onde ocorreram as primeiras exibições regulares de cinema em Itajubá.

História

Construção e Inauguração

A iniciativa para a construção do Teatro Santa Cecília partiu da União Auxiliadora do Teatro, uma instituição criada por um grupo de notáveis advogados da cidade: Dr. Aureliano Moreira Magalhães (que também era o presidente da sociedade), Dr. Américo da Silva e Oliveira, Dr. Domiciano da Costa Moreira e Cel. José Manuel Pereira Cabral. A construção foi viabilizada por meio da aquisição de cotas por 130 acionistas, cada uma no valor de dez mil réis. O pintor João Bonito foi contratado para realizar a pintura do teatro, incluindo o pano de boca e os cenários.

Embora tenha sido oficialmente inaugurado em 6 de janeiro de 1873, o prédio do Teatro Santa Cecília já recebia espetáculos enquanto estava em construção. A primeira apresentação de que se tem registro no local, ainda em obras, ocorreu em 15 de agosto de 1872, com a Companhia Dramática dirigida por A. Carrara. Outras apresentações pela mesma companhia seguiram em 18 de agosto e 22 de setembro de 1872. A inauguração oficial em 1873 contou com a apresentação da ópera cômica "O Primo da Califórnia" de Joaquim Manuel de Macedo, com música do itajubense Honório José de Oliveira, e a comédia "A Homeopatia", representadas pela Sociedade Recreio Dramático.

Um registro de 1899, no arquivo público mineiro, descreve que o teatro estava "em ruínas".

Atividades Culturais e Teatrais

O Teatro Santa Cecília era o centro de diversão da população itajubense, oferecendo uma ampla gama de atividades culturais. Em uma época anterior à popularização do rádio, cinema e televisão, o teatro era a principal atração cultural.

Recebeu apresentações de diversas companhias teatrais famosas da época, como a de Serafim dos Santos Lima e a de Henrique Boldrini, esta última chegando a permanecer na cidade por cerca de quatro meses. Outras companhias e grupos que se apresentaram no Santa Cecília incluíram A. Carrara, Tournée Scala (que estreou no Apolo), Louis Chevalier (que estreou no Apolo), a Sociedade Recreio Dramático, o Clube Dramático Culto à Arte, o Grupo Dramático Santa Cecília, e o Grêmio Literário Joaquim Nabuco (com alunos do Ginásio de Itajubá).

O repertório apresentado era variado, incluindo dramas, comédias, operetas, sketches e números de variedades. Além do teatro, o Santa Cecília sediou numerosos concertos e recitais, com apresentações de músicos, cantores líricos e solistas renomados. Também houve declamações, palestras literárias, e apresentações de prestidigitação. Bandas de música, como a "União e Trabalho" e a banda do Ginásio de Itajubá, também se apresentaram no palco do teatro. Um concerto do célebre flautista Patápio Silva foi anunciado para o Teatro Santa Cecília em 1905, mas foi suspenso devido ao luto de uma família tradicional da cidade, conforme o costume da época. A colônia portuguesa em Itajubá realizou no Santa Cecília um espetáculo em 1882 para celebrar a restauração e independência de Portugal.

O teatro atraía a sociedade elegante de Itajubá, com eventos líricos que levavam espectadores vestidos de gala, com lorgnons, joias e leques, em um ambiente comparado aos grandes teatros da Corte e de Paris. Uma nota curiosa sobre o funcionamento do teatro era que os espectadores dos camarotes deviam enviar suas próprias cadeiras para o teatro até as 6 da tarde, conforme o regulamento da época. O teatro possuía duas ordens de camarotes.

O Berço das Exibições Cinematográficas

O Teatro Santa Cecília teve um papel crucial na introdução do cinema em Itajubá. Após o grande interesse gerado pelas primeiras exibições do animatógrafo/biógrafo de José de Almeida Cunha Júnior no Salão Japonês, o equipamento foi transferido para o Teatro Santa Cecília devido ao grande número de interessados. A primeira sessão pública com imagens em movimento no Santa Cecília ocorreu em 1903. Posteriormente, o teatro serviu como palco para outros exibidores ambulantes de biógrafo, como Grolero e Pecchioni, que em 1904 trouxeram a novidade da projeção com luz elétrica, gerada por aparelhos próprios, antes mesmo de a cidade possuir energia elétrica pública.

Por volta de 1910, o espanhol José Martins Garcia instalou seu aparelho de projeção no Teatro Santa Cecília, recebendo filmes de Francisco Serrador de São Paulo, de quem se tornou agente para o sul de Minas. As sessões de cinema no Santa Cecília nesse período (1910) eram denominadas Cinema Recreio Itajubense. A projeção, nesse momento, era feita por trás da tela.

É importante notar que, embora o Santa Cecília tenha sediado as primeiras exibições regulares de cinema, o Bijou Salon, inaugurado em 1911, é considerado o primeiro cinema em prédio próprio em Itajubá, construído por José Martins Garcia & Filhos na Praça Cesário Alvim (hoje Teodomiro Santiago).

Fim das Atividades

O Teatro Santa Cecília teve uma existência de cerca de quarenta a cinquenta anos. Foi demolido, e após sua demolição, as representações dramáticas se tornaram mais difíceis na cidade. O historiador Armelim Guimarães contrasta a frequência das apresentações no Santa Cecília com as do Cine-Teatro Apolo (construído posteriormente), notando que o Apolo teve menos frequência teatral, pois o palco já estava sendo superado pelo cinema, enquanto o Santa Cecília, apesar de Itajubá ser menor em sua época, quase não passava semana sem uma representação.

Localização

O Teatro Santa Cecília estava localizado na Rua Direita (atual Rua Cel. Rennó), na esquina com a Travessa Santa Cecília (atual Rua Olavo Bilac). Situava-se um pouco acima do antigo Fórum, atrás da atual Câmara Municipal de Itajubá.

Legado

O Teatro Santa Cecília deixou uma marca significativa na história cultural de Itajubá. Foi um importante espaço de congregação social e artística por décadas. Seu papel como o palco das primeiras projeções cinematográficas na cidade, antes do surgimento dos cinemas em prédios dedicados, solidifica sua posição como o berço do cinema itajubense.