Gazeta de Itajubá

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A Gazeta de Itajubá foi um jornal itajubense que circulou no início do século XX. Segundo registros arquivísticos, suas edições abrangem o período de 1903 a 1905. No entanto, algumas fontes citam publicações da "Gazeta de Itajubá" em datas posteriores, como em 1911.

Seu primeiro número circulou em 1º de fevereiro de 1903

Histórico e Circulação[editar]

O editor inicial da "Gazeta de Itajubá" foi Francisco de Araújo, conhecido como Chichico. Entre seus redatores estavam José Manso Pereira Cabral e Pedro Bernardo Guimarães. Pedro Bernardo Guimarães foi redator da "Gazeta de Itajubá" de 1909 a 1916, sendo engenheiro geógrafo, deputado estadual, professor e o autor da obra "Município de Itajubá" (1915), considerado o primeiro historiador de Itajubá.

O jornal "O Operário", órgão da Liga Operária, era impresso na oficina da "Gazeta de Itajubá".

Coleções da "Gazeta de Itajubá" de 1903 a 1905 estão disponíveis no Arquivo da História e da Imprensa de Itajubá, que faz parte do Acervo “João Aldano” da UNIFEI.

Conteúdo e Cobertura[editar]

A "Gazeta de Itajubá" cobriu amplamente diversos aspectos da vida itajubense no início do século XX, um período de transição e modernização para a cidade. Suas publicações são citadas em diversas fontes históricas como registro dos acontecimentos locais.

Entre os temas abordados, destacam-se:

  • Cultura e Entretenimento: Anunciou a primeira exibição cinematográfica em Itajubá no Salão Japonês em 22 de maio de 1903. Reportou as sessões de biógrafo no Teatro Santa Cecília. Anunciou a inauguração do primeiro cinema dedicado, o Bijou-Salon, em 1911. Cobriu eventos musicais, como a organização de bandas e conferências com apresentações musicais. Mencionou a filmagem da cidade por Aristides Junqueira para uma exposição em Turim.
  • Infraestrutura e Urbanismo: Noticiou a iniciativa para a construção de uma usina hidrelétrica e a inauguração festiva da iluminação elétrica em Itajubá em 12 de janeiro de 1907, destacando Itajubá como pioneira no Sul de Minas nesse melhoramento. Abordou projetos de saneamento e higiene pública, defendendo a demolição de moradias insalubres, propondo locais para descarte de lixo, como o rio Sapucaí, em vez do "Brejo", e sugerindo o uso de águas da "Fonte da Biquinha" para secar áreas alagadiças. Reportou reclamações sobre a falta de água em chafarizes e o andamento de projetos de instalação de água e esgoto. Mencionou a construção do matadouro municipal. Reportou sobre empreendimentos telefônicos e a aquisição da rede local pela Empresa Bragantina.
  • Economia e Indústria: Apresentou anúncios de serviços, como os de encadernação e de pedreiros/estucadores. Noticiou atividades agrícolas e industriais, como a criação de aves, cultivo de bicho-da-seda, e a instalação de serraria e fábrica de gelo. Defendeu a iniciativa privada como forma de obter recursos para melhoramentos municipais.
  • Social e Cívico: Publicou reportagens sobre a Santa Casa de Misericórdia, detalhando sua fundação, benfeitores e inauguração. Noticiou a instalação do Centro Operário D. João Nery, publicou seu estatuto e editais de convocação de associados, revelando a composição social da entidade. Relatou a criação e atividades da Liga Operária e seu jornal "O Operário", incluindo a cobertura de funerais de membros. Reportou sobre eventos religiosos, como festas em capelas e a nomeação de comissões para obras na Igreja Matriz. Mencionou a presença de missionários coletando donativos. Cobriu encontros cívicos, como a reunião do Tiro de Guerra. Noticiou a demolição do antigo cemitério. Publicou informações sobre a participação de Itajubá em eventos externos, como o Congresso de Agricultores e Industriais.
  • Opinião: O jornal expressava as opiniões de seus redatores, defendendo hábitos "civilizados" e refletindo a divisão sociocultural da época. Elogiou o desenvolvimento urbano e o povo de Itajubá, descrevendo a cidade como confortável e de bom aspecto.

Legado[editar]

A "Gazeta de Itajubá" é uma fonte primária importante para o estudo da história de Itajubá no início do século XX, documentando a modernização da cidade, a vida social, cultural e econômica do período.

Embora Pedro Bernardo Guimarães, um de seus redatores, tenha inicialmente defendido a etimologia "pedra amarela" para Itajubá em sua obra posterior de 1915, a "Gazeta de Itajubá" em si é citada por historiadores, como Geraldino Campista, para comprovar a etimologia correta "cascata" ou "água que cai sobre a pedra", baseada na forma primitiva "Itagybá", presente em documentos do século XVIII relacionados à povoação original (atual Delfim Moreira).

A circulação do jornal, mesmo que por um período relativamente curto (pelo menos de 1903 a 1905), contribuiu para o registro dos acontecimentos locais e a documentação da transição de Itajubá para um centro urbano mais moderno.