Origens e Povoamento

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A história de Itajubá tem início muito antes da fundação da cidade atual, remontando aos primeiros exploradores e habitantes da região Sul de Minas Gerais. Localizada no sul do Estado de Minas Gerais, a área que hoje compreende o município de Itajubá está inserida em um contexto geográfico e histórico marcado pela Serra da Mantiqueira e pela exploração territorial iniciada nos séculos XVII a XIX.

Geografia da RegiãoEditar

Artigo principal: Geografia da Região

Itajubá possui uma área total de 290,45 Km², com 219,75 Km² de área rural e 70,70 Km² de área urbana. A sede da cidade está a uma altitude média de 842m e a topografia é predominantemente ondulada-montanhosa (78%), com apenas 10% de território plano. A cidade está situada às margens do Rio Sapucaí, um rio de grande relevância para o seu progresso e cultura, que divide a cidade ao meio. O nome Sapucaí, de origem indígena, significa "rio que canta".

O município está estrategicamente posicionado no Sul de Minas, próximo a importantes centros urbanos da região Sudeste. Limita-se ao norte com São José do Alegre e Maria da Fé, ao sudeste com Wenceslau Brás, ao sudoeste com Piranguçu, a oeste com Piranguinho e a leste com Delfim Moreira. A região é abençoada pela fertilidade do solo, especialmente nos vales. A formação geológica do solo itajubense, parte de um complexo cristalino do período arqueano, é considerada jovem em comparação com outras partes do mundo.

Primeiros HabitantesEditar

Artigo principal: Primeiros Habitantes

A ocupação humana na região de Itajubá remonta a tempos anteriores à chegada dos civilizados, com vestígios de civilizações remotas e a presença de diversas tribos indígenas. A última tribo indígena a habitar as terras que hoje compõem o município de Itajubá foi a dos Puri-Coroados. Este grupo étnico originou-se da mistura das tribos Puri e Coroados. Embora relatos antigos como os de Bernardo Saturnino da Veiga e Pedro Bernardo Guimarães mencionem indígenas principalmente em relação à origem do nome da localidade, autores posteriores como Armelim Guimarães descrevem aspectos culturais dos Puri-Coroados, notando que eles eram mansos e não belicosos, utilizando armas apenas para caça ou defesa. Vestígios arqueológicos, como machados de pedra e urnas funerárias de barro cozido (igaçabas ou camotins), sugerem a presença de tribos anteriores aos Puri-Coroados, que não conheciam a cerâmica. A presença indígena persistiu na região, com famílias de "aborígines civilizados" ainda notadas no bairro da Rosetinha no final do século XIX. Topônimos como Itajubá, Jerivá, Juru, Anhumas, Sapucaí, Piranguçu e Capetinga são vestígios da língua indígena na região.

O primeiro civilizado a percorrer as terras onde hoje está Itajubá foi Antônio de Oliveira Lopes, conhecido como "Fraca-Roupa". Ele atuou como "piloto" (topógrafo) no final do século XVIII para levantar o mapa da região e dividi-la em sesmarias. Antônio de Oliveira Lopes, de nacionalidade portuguesa, residia na primitiva Itajubá (Delfim Moreira). Ele é considerado um dos inconfidentes e figura na história pátria. As terras que ele demarcou deram origem às primeiras fazendas na Boa Vista do Sapucaí.

Além dos indígenas, a presença de africanos na região antecede a fundação da cidade atual, com a existência do Quilombo da Berta nos séculos XVIII e XIX. Este quilombo, localizado no sul do município, abrigava escravos fugidos.

A Itajubá Primitiva (Delfim Moreira)Editar

O núcleo inicial da atual cidade de Itajubá foi o povoado de Nossa Senhora da Soledade de Itagybá, fundado em 1703 pelo bandeirante paulista Miguel Garcia Velho. Este povoado, que era a primitiva Itajubá, localizava-se no alto da Serra da Mantiqueira e é hoje a cidade e município de Delfim Moreira. O garimpo nas minas de Itagybá, descoberto por Miguel Garcia Velho, foi efêmero, e os habitantes que permaneceram dedicaram-se à agricultura e pecuária. Devido à decadência das atividades auríferas e à localização desfavorável, o povoado não prosperou. Com o tempo, o povoado de Nossa Senhora da Soledade passou a ser popularmente conhecido como Itajubá Velho, em oposição à "Capela Nova da Boa Vista do Sapucaí" (a nova Itajubá).

Etimologia de ItajubáEditar

Artigo principal: Etimologia de Itajubá

O nome "Itajubá" tem origem na língua tupi e está associado à Cachoeira de Itagybá, localizada próximo a Delfim Moreira. Itagybá, a forma primitiva do nome, significa "água que, do alto, cai sobre a pedra", ou seja, cachoeira ou cascata. Nos documentos antigos da primeira metade do século XVIII, a forma original Itagybá com "GY" é frequentemente encontrada. Por corruptela, uma alteração de pronúncia, especialmente comum entre os portugueses da região, o nome evoluiu para Itajubá com "JU".

Houve uma confusão persistente, até mesmo em alguns relatos históricos, que associava o nome Itajubá ao significado de "pedra amarela". Essa versão, divulgada por autores como Bernardo Saturnino da Veiga e Pedro Bernardo Guimarães, é considerada um engano, pois a etimologia correta e a ausência de "pedra amarela" significativa na região não suportam essa interpretação. Historiadores como Geraldino Campista e Armelim Guimarães esclareceram a etimologia correta ligada à cachoeira.

Padre Lourenço da Costa MoreiraEditar

Padre Lourenço da Costa Moreira foi uma figura central na fundação da atual Itajubá. Ele foi nomeado vigário da Freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá (Delfim Moreira). Percebendo que a localização da antiga sede paroquial não era favorável ao desenvolvimento, decidiu buscar um novo local.

Padre Lourenço, descrito como um homem quieto, mas enérgico, corajoso e por vezes ríspido, mas complacente com os humildes, convidou seus paroquianos a segui-lo em busca de uma nova sede. Ele liderou uma caravana, partindo da antiga sede em 18 de março de 1819. Sua decisão de abandonar a antiga paróquia gerou conflitos com os moradores de Soledade. Apesar da oposição, Padre Lourenço é reconhecido por sua visão de progresso e por ter sido o "Padre Fundador" da nova Itajubá. Ele viveu em Itajubá até sua morte, em 14 de junho de 1855.

Fundação da Nova ItajubáEditar

Artigo principal: Fundação da Nova Itajubá

A fundação da atual cidade de Itajubá ocorreu em 19 de março de 1819. Liderados por Padre Lourenço da Costa Moreira, a caravana chegou ao alto do Morro Ibitira (onde hoje se encontra a Matriz de Nossa Senhora da Soledade). Padre Lourenço considerou o local excelente para a fundação do novo povoado e sede da freguesia. Um altar foi construído e a primeira missa foi celebrada ali.

Inicialmente, o povoado foi denominado Povoado de Boa Vista ou Boa Vista do Sapucaí. A data de 19 de março de 1819 marca o início do arraial que se tornaria a próspera cidade de Itajubá. A elevação a vila, com o nome de Boa Vista de Itajubá, ocorreu em 27 de setembro de 1848. A instalação da Vila e da Câmara Municipal se deu em 21 de junho de 1849. A promoção à categoria de cidade aconteceu em 4 de outubro de 1862, pela Lei n.º 1.149. É importante notar que a fundação (1819), a emancipação política como vila (1848) e a elevação à cidade (1862) são datas distintas na história de Itajubá.

Quilombo da BertaEditar

Artigo principal: Quilombo da Berta

Anterior à fundação da nova Itajubá, existiu o Quilombo da Berta (ou Aberta). Localizado em um bairro do sul do atual município, próximo à Pedra Vermelha e ao Ribeirão das Anhumas, o Quilombo da Berta serviu de refúgio para escravos fugidos de senzalas do Sul de Minas e do norte de São Paulo nos séculos XVIII e XIX. Os quilombolas saíam em bandos para assaltar tropas e viajantes na Mantiqueira. A tradição associa a descoberta da imagem de Nossa Senhora dos Remédios a uma carga roubada pelos escravos deste quilombo, que a levaram para a Berta e depois para as Anhumas. O arraial das Anhumas, formado por casebres, já existia em 1810, possivelmente iniciado por escravos fugidos do Quilombo da Berta no século XVIII.

A Vida no Arraial NascenteEditar

Artigo principal: A Vida no Arraial Nascente

O povoado da Boa Vista do Sapucaí, fundado em 1819, começou a se desenvolver rapidamente. Logo nos primeiros anos, a Municipalidade providenciou a construção de um pequeno cemitério e a abertura de ruas, como a Rua do Porto (atual Rua Xavier Lisboa), que ligava o ancoradouro no Rio Sapucaí (Porto Velho) à capela. Padre Lourenço teve um papel ativo na organização da vida no arraial, demarcando locais para residências e estabelecimentos, e até mesmo resolvendo conflitos.

O arraial cresceu em população e urbanização, atraindo novos habitantes e se enriquecendo com elementos sociais que contribuiriam para as tradições locais. A prosperidade inicial surpreendeu visitantes. O comércio começou a se desenvolver, com casas comerciais e armazéns. Contudo, o arraial também enfrentou desafios, como a falta de saneamento básico, a presença de charcos e brejos (como o da Biquinha), e problemas com o abastecimento de água potável. A iluminação pública inicial era feita com lampiões a querosene. A vida no arraial foi moldada tanto pelo rápido crescimento e desenvolvimento impulsionados pelos seus habitantes quanto pelos conflitos com a antiga sede paroquial em Delfim Moreira.